A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um distúrbio gastrointestinal crónico caracterizado por uma série de sintomas, incluindo dor abdominal, inchaço, gases e alterações nos hábitos intestinais, como diarreia, prisão de ventre ou ambos. Diferentemente de condições como a doença de Crohn ou a colite ulcerativa, o SII não causa danos visíveis ao trato digestivo. A sua causa exata permanece pouco clara, mas acredita-se que envolva uma interação complexa entre o intestino e o cérebro, influenciada por fatores como stress, dieta, desequilíbrios na microbiota intestinal e sensibilidade a certos alimentos. Embora o SII não leve a doenças mais graves ou reduza a esperança de vida, pode prejudicar significativamente a qualidade de vida e é uma razão comum para consultas em clínicas de cuidados primários e gastroenterologia.
Nos últimos anos, tem-se verificado um aumento crescente da discussão sobre uma “epidemia de síndrome do intestino irritável (SII)”, à medida que mais pessoas relatam sintomas e procuram tratamento. Embora este aumento possa ser parcialmente atribuído a uma maior consciencialização e a critérios de diagnóstico mais precisos, também reflete as mudanças no estilo de vida moderno. Ambientes de alto stress, hábitos sedentários, dietas ultraprocessadas e o uso generalizado de antibióticos são todos suspeitos de contribuir para este fenómeno. Além disso, a pandemia de COVID-19 levou a um aumento do stress psicológico e a perturbações na alimentação e rotina, o que alguns especialistas acreditam que pode ter desencadeado ou agravado os sintomas de SII numa grande parte da população. Como resultado, a SII é agora reconhecida não apenas como uma condição médica, mas como uma preocupação crescente de saúde pública que exige mais investigação e abordagens holísticas para a sua gestão.